Pegadas na areia
Spuren im Sand
Uma noite eu tive um sonho
Eines Abends hatte ich einen Traum.
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor,
Mir träumte, ich ginge mit dem Herrn den Strand entlang,
e a través do céu passavam çenas da minha vida.
und am Himmel zogen Szenen meines Lebens vorbei.
Para cada çena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia;
Bei jeder Szene, die vorbeizog, bemerkte ich, daß zwei Paar Spuren sich im Sand verliefen;
Uma era minha e a outra era do Senhor.
Ein Paar waren meine und das andere Paar gehörte dem Herrn.
Quando a ultima çena da minha vida passou diante de nós,
Als die letzte Szene meines Lebens an uns vorüberzog,
olhei para trás para as pegadas na areia e notei
schaute ich mich um nach den Spuren im Sand und bemerkte,
que muitas vezes no caminho da minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.
daß oft auf meinem Lebensweg sich nur ein Paar Spuren befand.
Notei também que isso aconteçeu nos momentos mais dificeis e angustiosas do meu viver.
Auch bemerkte ich, daß das in den schlimmsten Zeiten der Angst und Not meines Lebens geschah.
Aborreci me deveras, e perguntei:
Das verärgerte mich sehr und ich fragte:
"Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi Te seguir,
"Herr, Du sagtest mir, wenn ich geneigt bin, Dir zu folgen,
Tu andarias sempre comigo, todo o caminho,
würdest Du immer mit mir gehen, den ganzen Weg,
mas notei que durante as maiores tribulaçôes do meu viver
aber ich bemerkte, während des größten Kummers meines Lebens
havia na areia dos caminhos da vida apenas um par de pegadas.
befand sich im Sand des Lebensweges nur ein Paar Spuren.
Não compreendo por que nas horas em que mais necessitava de Ti, Tu me deixaste.
"Ich verstehe nicht, warum Du mich verlassen hast, als ich Dich am meisten brauchte."
O Senhor me respondeu:
Der Herr antwortete mir darauf:
"Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento.
"Mein liebes Kind, Ich liebe dich. Niemals würde ich dich in deiner größten Not und Ängsten allein lassen.
Quando viste na areia apenas um par de pegadas,
Wo du nur ein Paar Spuren im Sand sahst,
foi exatamente ai,
war es genau da,
que Eu te carreguei nos braços.
"wo Ich doch getragen habe."
segunda-feira, 7 de julho de 2008
PASTOR E. H. QUILLIN - 1º Pastor Batista em Piracicaba
Primeiro pastor batista foi professor dos filhos de Prudente de Moraes
Fonte: Memorial de Piracicaba 2002/03, de Cecílio Elias Netto
Autoria: Beatriz Elias
Em Santa Bárbara, também a primeira igreja Batista do Brasil
Já bastante divulgado tem sido o início do trabalho metodista na região de Piracicaba e Santa Bárbara D'Oeste, sendo a primeira escola daquele denominação religiosa o Colégio Piracicabano, fundado em 1881, por Miss Martha Watts, em Piracicaba. O que muitos ainda ignoram é que também a primeira Igreja Batista no Brasil estabeleceu-se em Santa Bárbara D'Oeste, em 1879. Tendo como pastor E.H. Quillim, a Missão Batista registra que, em 1881, a igreja contava 32 membros.
Descendente de irlandeses, Quillim nasceu em 1822, no Tennessee, e foi consagrado pastor em 1858, depois de ter atuado como professor. Foi missionário entre soldados da Guerra da Secessão, antes de vir ao Brasil. Em relato feito a Betty Antunes de Oliveira, no livro "Centelha em restolho seco", uma das netas do Rev. Quillin, assim o descreveu:
"Meu avô era aleijado de nascença, um homem de grande preparação intelectual e rara inteligência. Foi professor num colégio em Santos, depois em Piracicaba, onde lecionou para os filhos e genros de Prudente de Moraes. Foi, depois, pastor Batista por quatro anos, quando também lecionou a alunos de ambos os sexos... Por dificuldades financeiras, meu avô foi tentar a vida em Itatiba, deixando a família em Santa Bárbara, onde minha avó lecionava inglês e francês".
Fonte: Memorial de Piracicaba 2002/03, de Cecílio Elias Netto
Autoria: Beatriz Elias
Em Santa Bárbara, também a primeira igreja Batista do Brasil
Já bastante divulgado tem sido o início do trabalho metodista na região de Piracicaba e Santa Bárbara D'Oeste, sendo a primeira escola daquele denominação religiosa o Colégio Piracicabano, fundado em 1881, por Miss Martha Watts, em Piracicaba. O que muitos ainda ignoram é que também a primeira Igreja Batista no Brasil estabeleceu-se em Santa Bárbara D'Oeste, em 1879. Tendo como pastor E.H. Quillim, a Missão Batista registra que, em 1881, a igreja contava 32 membros.
Descendente de irlandeses, Quillim nasceu em 1822, no Tennessee, e foi consagrado pastor em 1858, depois de ter atuado como professor. Foi missionário entre soldados da Guerra da Secessão, antes de vir ao Brasil. Em relato feito a Betty Antunes de Oliveira, no livro "Centelha em restolho seco", uma das netas do Rev. Quillin, assim o descreveu:
"Meu avô era aleijado de nascença, um homem de grande preparação intelectual e rara inteligência. Foi professor num colégio em Santos, depois em Piracicaba, onde lecionou para os filhos e genros de Prudente de Moraes. Foi, depois, pastor Batista por quatro anos, quando também lecionou a alunos de ambos os sexos... Por dificuldades financeiras, meu avô foi tentar a vida em Itatiba, deixando a família em Santa Bárbara, onde minha avó lecionava inglês e francês".
SE ELE CHEGASSE A SER PAPA, CERTAMENTE SERIA SEMPRE CHAMADO DE O "PADRE JORGE" DA VILA REZENDE
O bom pastor
Amado por toda Piracicaba, Monsenhor Jorge é o bom pastor de Vila Rezende
Foi (em 2005) um final de ano cheio de emoções para o Monsenhor Jorge Simão Miguel que, apesar do alto título eclesiástico, para a população de Piracicaba, especialmente os moradores da Vila Rezende, continua sendo "apenas" Padre Jorge, um amigo. "Acho que me chamando assim o povo demonstra mais carinho", diz.
Boa parte desse carinho ele pôde sentir no dia 8, quando completou 50 anos de sacerdócio. Preocupação talvez só com as mudanças feitas pelo novo bispo da cidade, dom Fernando Mason, que por pouco não o afastaram da sua querida Vila, mas aos 77 anos ele já demonstra tranqüilidade sobre o assunto. "É uma idéia dele de fazer renovação, e tem razão, vassoura nova varre melhor", contemporiza. No mais, ele continua firme na sua "religião" corintiano, tanto que não gostou muito de ver o time campeão brasileiro e perdendo o último jogo. E se recupera do recente atropelamento que o deixa há mais de um mês com tipóia.
O COLECIONADOR - Hoje o senhor se considera uma personalidade piracicabana?
Monsenhor Jorge - Fazem-me uma personalidade. Sou mesmo um modesto servidor do Senhor. Estou há 50 anos como sacerdote, tenho o título de monsenhor, mas o povo ainda me chama de padre Jorge, o que denota mais simplicidade e carinho.
O COLECIONADOR - E como foi a comemoração dos 50 anos de sacerdócio?
Monsenhor Jorge - Foi muito bem, mais até do que eu esperava. Na verdade foi uma comemoração da perseverança. Faço uma comparação com um casamento, pois o sacerdote como que se casa com a Igreja. Nos dias de hoje, quando os alicerces do sagrado casamento estão sendo cada vez mais bombardeados, quem chega aos 50 anos de casado é como um herói.
O COLECIONADOR - Quando o senhor sentiu que tinha vocação religiosa?
Monsenhor Jorge - Desde criança, ainda em Capivari, onde nasci. Minha família me favoreceu bastante. Minha mãe não saía da igreja, comungava todos os dias. Meu irmão mais velho já tinha ido para o seminário, ela chorou muito quando ele tomou essa decisão, não queria que ele fosse. Mas bastou fazer a primeira visita no seminário em que ele estava para concordar. Então, quando chegou a minha vez, não houve obstáculos. Eu já era coroinha, já tinha aquele primeiro contato para trabalhar na seara do Senhor.
O COLECIONADOR - Onde o senhor estudou?
Monsenhor Jorge - Fiz o Seminário Menor, em Campinas, durante seis anos, depois fui para São Paulo, onde fiquei mais sete anos, foram 3 anos de Filosofia e 4 de Teologia. Fui ordenado no dia 8 de dezembro de 1955 aqui na Catedral pelo bispo dom Ernesto de Paulo.
O COLECIONADOR - Foi coincidência ter sido ordenado no dia da Imaculada Conceição?
Monsenhor Jorge - O bispo que marca a data, mas gostei de ter sido neste dia porque isso marca ainda mais a minha ligação com a paróquia da Vila Rezende. Minha ligação é muito grande, eu acho que o padre é o pai espiritual dos paroquianos e me sinto com essa responsabilidade.
O COLECIONADOR - Essa nova igreja foi inaugurada quando?
Monsenhor Jorge - A matriz velha foi destruída para construir a nova, que ficou pronta em 1972. Contamos com grande colaboração do industrial Mário Dedini. Ele deu toda a estrutura mas deixou a tarefa de cobrir a igreja para o povo, pois não queriam que dissessem que ele fez tudo ou que a igreja era dele. Só isso já demonstra a generosidade dele.
O COLECIONADOR - O senhor se preocupa com a diminuição de fiéis da Igreja Católica?
Monsenhor Jorge - Na verdade acho que a gente tem de ficar mais preocupado com a qualidade do que com a quantidade. Não importa tanto o número mas sim saber se temos um rebanho que entende e aceita os fundamentos da Igreja. Para isso temos cursos de formação, de batismo, de crisma, e o povo anda se preparando mais para a fé.
O COLECIONADOR - E como vê o aumento das novas seitas?
Monsenhor Jorge - Isso não abala. O que importa é saber se os nossos fiéis, aqueles que professam uma fé verdadeira, estão firmes.
O COLECIONADOR - A Igreja Católica não precisa se modernizar mais?
Monsenhor Jorge - Precisa sim se adaptar aos tempos, não pode ficar parada, mas eu vejo que ela está fazendo isso sem perder a sua verdade.
O COLECIONADOR - Qual a sua avaliação até agora do novo papa, Bento 16?
Monsenhor Jorge - Olho com bons olhos, é um papa que tem uma firmeza muito grande em sua fé.
O COLECIONADOR - Mas ele não é bem menos carismático que seu antecessor, João Paulo II?
Monsenhor Jorge - Vamos dar mais tempo para ele, pois está só no começo. Tenho certeza que em breve ele vai dar mais valor ao novo.
O COLECIONADOR - O que Piracicaba representa para o senhor?
Monsenhor Jorge - Representa muito, é meu local de trabalho. E é uma satisfação estar numa cidade que ao meu ver é privilegiada por ser tão acolhedora e reunir os lados positivos de uma cidade grande e de uma cidade pequena.
O COLECIONADOR - Para o senhor a Vila Rezende é uma cidade à parte?
Monsenhor Jorge - É um pedaço de valor de Piracicaba e creio que poderia mesmo ser um município.
O COLECIONADOR - O senhor disse que são raros os casamentos que duram. Essa instituição está em crise?
Monsenhor Jorge - Vejo isso com muita tristeza. Acho que os veículos de comunicação, como a televisão, focalizam muito a deterioração do casamento. Os atores proclamam aos quatro ventos a sua separação. Artistas dizem que estão no quinto ou sexto casamento como se isso fosse uma coisa positiva. Essas separações são preocupantes, antes as pessoas persistiam, hoje desistem logo na primeira dificuldade que enfrentam.
O COLECIONADOR - Isso se reflete também na diminuição do número de casamentos na Matriz da Vila?
Monsenhor Jorge - É que antes a paróquia era mais ampla, então a gente chegava a fazer uns 20 casamentos por final de semana.
O COLECIONADOR O que mais preocupa o senhor em relação à juventude?
Monsenhor Jorge - A juventude está preocupada com seu futuro, com a falta de emprego. De nossa parte, precisamos orientar os jovens para o bom caminho, para se libertar dos problemas causados pelas drogas. Precisamos apoiar, dar bons exemplos, para que não busquem nas drogas a solução. Eles precisam se convencer que as drogas não trazem nada de bom.
O COLECIONADOR - Como o senhor reagiu às mudanças propostas pelo novo bispo, Dom Fernando Mason?
Monsenhor Jorge - É uma iniciativa dele, ele já veio para a cidade com a idéia de que os padres não devem ficar mais de 10 anos na mesma paróquia. Ele pensa na renovação, e tem suas razões, afinal vassoura nova varre melhor. A gente esperneia um pouco por causa do nosso apego, mas ele tem suas razões em mudar.
O COLECIONADOR - Mas o senhor não correu o risco de sair da Vila?
Monsenhor Jorge - Ele me disse que jamais pensou em me tirar, vou continuar como Pároco Emérito, mas agora com outro padre mais jovem, Orivaldo Casini.
Amado por toda Piracicaba, Monsenhor Jorge é o bom pastor de Vila Rezende
Foi (em 2005) um final de ano cheio de emoções para o Monsenhor Jorge Simão Miguel que, apesar do alto título eclesiástico, para a população de Piracicaba, especialmente os moradores da Vila Rezende, continua sendo "apenas" Padre Jorge, um amigo. "Acho que me chamando assim o povo demonstra mais carinho", diz.
Boa parte desse carinho ele pôde sentir no dia 8, quando completou 50 anos de sacerdócio. Preocupação talvez só com as mudanças feitas pelo novo bispo da cidade, dom Fernando Mason, que por pouco não o afastaram da sua querida Vila, mas aos 77 anos ele já demonstra tranqüilidade sobre o assunto. "É uma idéia dele de fazer renovação, e tem razão, vassoura nova varre melhor", contemporiza. No mais, ele continua firme na sua "religião" corintiano, tanto que não gostou muito de ver o time campeão brasileiro e perdendo o último jogo. E se recupera do recente atropelamento que o deixa há mais de um mês com tipóia.
O COLECIONADOR - Hoje o senhor se considera uma personalidade piracicabana?
Monsenhor Jorge - Fazem-me uma personalidade. Sou mesmo um modesto servidor do Senhor. Estou há 50 anos como sacerdote, tenho o título de monsenhor, mas o povo ainda me chama de padre Jorge, o que denota mais simplicidade e carinho.
O COLECIONADOR - E como foi a comemoração dos 50 anos de sacerdócio?
Monsenhor Jorge - Foi muito bem, mais até do que eu esperava. Na verdade foi uma comemoração da perseverança. Faço uma comparação com um casamento, pois o sacerdote como que se casa com a Igreja. Nos dias de hoje, quando os alicerces do sagrado casamento estão sendo cada vez mais bombardeados, quem chega aos 50 anos de casado é como um herói.
O COLECIONADOR - Quando o senhor sentiu que tinha vocação religiosa?
Monsenhor Jorge - Desde criança, ainda em Capivari, onde nasci. Minha família me favoreceu bastante. Minha mãe não saía da igreja, comungava todos os dias. Meu irmão mais velho já tinha ido para o seminário, ela chorou muito quando ele tomou essa decisão, não queria que ele fosse. Mas bastou fazer a primeira visita no seminário em que ele estava para concordar. Então, quando chegou a minha vez, não houve obstáculos. Eu já era coroinha, já tinha aquele primeiro contato para trabalhar na seara do Senhor.
O COLECIONADOR - Onde o senhor estudou?
Monsenhor Jorge - Fiz o Seminário Menor, em Campinas, durante seis anos, depois fui para São Paulo, onde fiquei mais sete anos, foram 3 anos de Filosofia e 4 de Teologia. Fui ordenado no dia 8 de dezembro de 1955 aqui na Catedral pelo bispo dom Ernesto de Paulo.
O COLECIONADOR - Foi coincidência ter sido ordenado no dia da Imaculada Conceição?
Monsenhor Jorge - O bispo que marca a data, mas gostei de ter sido neste dia porque isso marca ainda mais a minha ligação com a paróquia da Vila Rezende. Minha ligação é muito grande, eu acho que o padre é o pai espiritual dos paroquianos e me sinto com essa responsabilidade.
O COLECIONADOR - Essa nova igreja foi inaugurada quando?
Monsenhor Jorge - A matriz velha foi destruída para construir a nova, que ficou pronta em 1972. Contamos com grande colaboração do industrial Mário Dedini. Ele deu toda a estrutura mas deixou a tarefa de cobrir a igreja para o povo, pois não queriam que dissessem que ele fez tudo ou que a igreja era dele. Só isso já demonstra a generosidade dele.
O COLECIONADOR - O senhor se preocupa com a diminuição de fiéis da Igreja Católica?
Monsenhor Jorge - Na verdade acho que a gente tem de ficar mais preocupado com a qualidade do que com a quantidade. Não importa tanto o número mas sim saber se temos um rebanho que entende e aceita os fundamentos da Igreja. Para isso temos cursos de formação, de batismo, de crisma, e o povo anda se preparando mais para a fé.
O COLECIONADOR - E como vê o aumento das novas seitas?
Monsenhor Jorge - Isso não abala. O que importa é saber se os nossos fiéis, aqueles que professam uma fé verdadeira, estão firmes.
O COLECIONADOR - A Igreja Católica não precisa se modernizar mais?
Monsenhor Jorge - Precisa sim se adaptar aos tempos, não pode ficar parada, mas eu vejo que ela está fazendo isso sem perder a sua verdade.
O COLECIONADOR - Qual a sua avaliação até agora do novo papa, Bento 16?
Monsenhor Jorge - Olho com bons olhos, é um papa que tem uma firmeza muito grande em sua fé.
O COLECIONADOR - Mas ele não é bem menos carismático que seu antecessor, João Paulo II?
Monsenhor Jorge - Vamos dar mais tempo para ele, pois está só no começo. Tenho certeza que em breve ele vai dar mais valor ao novo.
O COLECIONADOR - O que Piracicaba representa para o senhor?
Monsenhor Jorge - Representa muito, é meu local de trabalho. E é uma satisfação estar numa cidade que ao meu ver é privilegiada por ser tão acolhedora e reunir os lados positivos de uma cidade grande e de uma cidade pequena.
O COLECIONADOR - Para o senhor a Vila Rezende é uma cidade à parte?
Monsenhor Jorge - É um pedaço de valor de Piracicaba e creio que poderia mesmo ser um município.
O COLECIONADOR - O senhor disse que são raros os casamentos que duram. Essa instituição está em crise?
Monsenhor Jorge - Vejo isso com muita tristeza. Acho que os veículos de comunicação, como a televisão, focalizam muito a deterioração do casamento. Os atores proclamam aos quatro ventos a sua separação. Artistas dizem que estão no quinto ou sexto casamento como se isso fosse uma coisa positiva. Essas separações são preocupantes, antes as pessoas persistiam, hoje desistem logo na primeira dificuldade que enfrentam.
O COLECIONADOR - Isso se reflete também na diminuição do número de casamentos na Matriz da Vila?
Monsenhor Jorge - É que antes a paróquia era mais ampla, então a gente chegava a fazer uns 20 casamentos por final de semana.
O COLECIONADOR O que mais preocupa o senhor em relação à juventude?
Monsenhor Jorge - A juventude está preocupada com seu futuro, com a falta de emprego. De nossa parte, precisamos orientar os jovens para o bom caminho, para se libertar dos problemas causados pelas drogas. Precisamos apoiar, dar bons exemplos, para que não busquem nas drogas a solução. Eles precisam se convencer que as drogas não trazem nada de bom.
O COLECIONADOR - Como o senhor reagiu às mudanças propostas pelo novo bispo, Dom Fernando Mason?
Monsenhor Jorge - É uma iniciativa dele, ele já veio para a cidade com a idéia de que os padres não devem ficar mais de 10 anos na mesma paróquia. Ele pensa na renovação, e tem suas razões, afinal vassoura nova varre melhor. A gente esperneia um pouco por causa do nosso apego, mas ele tem suas razões em mudar.
O COLECIONADOR - Mas o senhor não correu o risco de sair da Vila?
Monsenhor Jorge - Ele me disse que jamais pensou em me tirar, vou continuar como Pároco Emérito, mas agora com outro padre mais jovem, Orivaldo Casini.
PADRE GALLO DA VILA REZENDE
Monsenhor Jeronymo Gallo
"LABORAVIT SICUT BONUS MILES CHRISTI"
NASCEU Padua - Italia - 16/06/1888
FALECEU - Vila Rezende Piracicaba-SP. Brasil - 17/11/195
PAUPER ET HUMILIS
Monsenhor Jeronymo Gallo viveu pobre e humilde. Sua vida foi um exemplo acabado das mais aprimoradas virtudes sacerdotais, consagrada principalmente aos pobres e às crianças. Trabalhou como um bom soldado de Cristo não tendo outra preocupação senão a gloria de Deus e a salvação das almas. Foi um sacerdote, segundo o Coração de Jesus e devotadissimo a Nossa Senhora Imaculada Conceição. Morreu como viveu, sereno e na santa paz do Senhor.
Senhor, dai ao vosso fiel servo o eterno descanço.
Estas palavras foram retiradas do santinho distribuÍdo na antiga Igreja da Imaculada Conceição da Vila Rezende, por ocasião da missa do seu sétimo dia de falecimento.
Vila Rezende, 23 de novembro de 1.951
Esta página é de autoria e propriedade exclusiva de: Jair de Souza Palma Todos os direitos de propriedade são exclusivos do autor. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e / ou quaisquer meios eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópias e gravação ou ainda arquivada em qualquer sistema de bancos de dados, via provedores de internet sem a prévia autorização por escrito do autor. Quem souber, sob pena de lei, deverá comunicar para: www.jairministroigcombr.hpg.com.br ou por E-mail: jair.ministro@yahoo.com.br ou jair.ministro@cifracatolica.zzn.com.br Denuncie pirataria: denuncia@apdif.org.br, ou disque denuncia 0800-115751
"LABORAVIT SICUT BONUS MILES CHRISTI"
NASCEU Padua - Italia - 16/06/1888
FALECEU - Vila Rezende Piracicaba-SP. Brasil - 17/11/195
PAUPER ET HUMILIS
Monsenhor Jeronymo Gallo viveu pobre e humilde. Sua vida foi um exemplo acabado das mais aprimoradas virtudes sacerdotais, consagrada principalmente aos pobres e às crianças. Trabalhou como um bom soldado de Cristo não tendo outra preocupação senão a gloria de Deus e a salvação das almas. Foi um sacerdote, segundo o Coração de Jesus e devotadissimo a Nossa Senhora Imaculada Conceição. Morreu como viveu, sereno e na santa paz do Senhor.
Senhor, dai ao vosso fiel servo o eterno descanço.
Estas palavras foram retiradas do santinho distribuÍdo na antiga Igreja da Imaculada Conceição da Vila Rezende, por ocasião da missa do seu sétimo dia de falecimento.
Vila Rezende, 23 de novembro de 1.951
Esta página é de autoria e propriedade exclusiva de: Jair de Souza Palma Todos os direitos de propriedade são exclusivos do autor. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e / ou quaisquer meios eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópias e gravação ou ainda arquivada em qualquer sistema de bancos de dados, via provedores de internet sem a prévia autorização por escrito do autor. Quem souber, sob pena de lei, deverá comunicar para: www.jairministroigcombr.hpg.com.br ou por E-mail: jair.ministro@yahoo.com.br ou jair.ministro@cifracatolica.zzn.com.br Denuncie pirataria: denuncia@apdif.org.br, ou disque denuncia 0800-115751
PIONEIRO DA INDÚSTRIA EM PIRACICABA - Dr. Otavio Teixeira Mendes
Usinas: Teixeira Mendes antes de Dedini
Autoria: Cecílio Elias Netto
O pioneirismo industrial de Piracicaba foi marcante no início do Século XX
A nossa história registra com detalhes, na segunda metade do Século XX, a importância da produção industrial de equipamentos para a indústria sucro-alcooleira pelo Grupo Dedini, resultado da verdadeira revolução industrial provocada pela lucidez de Mário Dedini que, bem a propósito, recebeu o reconhecimento ao ser-lhe dado o qualificativo de "Contemporâneo da Posteridade".
No entanto, Piracicaba já produzira grandes peças para usinas na década de 1920. E a responsabilidade foi toda de um outro grande líder e visionário, a quem Mário Dedini muito recorreu: Octávio Teixeira Mendes. Ele e João Bottene são, infelizmente, personalidades que nossos escritores e escolas mantêm em penumbras inexplicáveis.
As Oficinas Teixeira Mendes, que trabalhavam com fundição de ferro e bronze, mecânica, carpintaria e veículos, segundo relata a historiadora Maria Celestina Teixeira Mendes, aceitaram, na década de 20, uma encomenda de uma usina de açúcar de Lorena, pertencente a Companhie Sucréries Brésiliénnes, a mesma que se tornou proprietária do Engenho Central. Tratava-se de uma peça de sete toneladas, que sustentava "três mancais da moenda" (Castelo - base para os mancais suportarem os rolos frisados esmagadores da cana) e que teria que ser importada da França para que a safra pudesse ser processada caso não pudesse ser produzida no Brasil.
Octávio Teixeira Mendes aceitou o desafio, mas, como sua fundição tivesse capacidade para apenas 1.600 quilos, alugou um local em São Paulo. A peça danificada foi enviada de Lorena a Piracicaba e aqui se fez um molde em madeira do que deveria ser fundido em ferro, o que acabou por ocorrer em São Paulo. O equipamento foi aprovado e a usina pôde, com ela, processar integralmente sua safra.
As oficinas Teixeira Mendes ainda responderam por outros grande serviços, como a reforma de duas locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana. Mas, na sua produção, também listavam-se itens menores, como ventiladores para porões, ferros de engomar para alfaiates, serras circulares, tornos mecânicos, panelas de alumínio. As oficinas localizavam-se em velhos edifícios e barracões da atual rua Octávio Teixeira Mendes, atravessando a rua Santa Cruz, nas proximidades da Escola de Música, onde se encontram poucas paredes remanescentes daquela época.
Autoria: Cecílio Elias Netto
O pioneirismo industrial de Piracicaba foi marcante no início do Século XX
A nossa história registra com detalhes, na segunda metade do Século XX, a importância da produção industrial de equipamentos para a indústria sucro-alcooleira pelo Grupo Dedini, resultado da verdadeira revolução industrial provocada pela lucidez de Mário Dedini que, bem a propósito, recebeu o reconhecimento ao ser-lhe dado o qualificativo de "Contemporâneo da Posteridade".
No entanto, Piracicaba já produzira grandes peças para usinas na década de 1920. E a responsabilidade foi toda de um outro grande líder e visionário, a quem Mário Dedini muito recorreu: Octávio Teixeira Mendes. Ele e João Bottene são, infelizmente, personalidades que nossos escritores e escolas mantêm em penumbras inexplicáveis.
As Oficinas Teixeira Mendes, que trabalhavam com fundição de ferro e bronze, mecânica, carpintaria e veículos, segundo relata a historiadora Maria Celestina Teixeira Mendes, aceitaram, na década de 20, uma encomenda de uma usina de açúcar de Lorena, pertencente a Companhie Sucréries Brésiliénnes, a mesma que se tornou proprietária do Engenho Central. Tratava-se de uma peça de sete toneladas, que sustentava "três mancais da moenda" (Castelo - base para os mancais suportarem os rolos frisados esmagadores da cana) e que teria que ser importada da França para que a safra pudesse ser processada caso não pudesse ser produzida no Brasil.
Octávio Teixeira Mendes aceitou o desafio, mas, como sua fundição tivesse capacidade para apenas 1.600 quilos, alugou um local em São Paulo. A peça danificada foi enviada de Lorena a Piracicaba e aqui se fez um molde em madeira do que deveria ser fundido em ferro, o que acabou por ocorrer em São Paulo. O equipamento foi aprovado e a usina pôde, com ela, processar integralmente sua safra.
As oficinas Teixeira Mendes ainda responderam por outros grande serviços, como a reforma de duas locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana. Mas, na sua produção, também listavam-se itens menores, como ventiladores para porões, ferros de engomar para alfaiates, serras circulares, tornos mecânicos, panelas de alumínio. As oficinas localizavam-se em velhos edifícios e barracões da atual rua Octávio Teixeira Mendes, atravessando a rua Santa Cruz, nas proximidades da Escola de Música, onde se encontram poucas paredes remanescentes daquela época.
ORAÇÃO DO SALTO DE PIRACICABA
Oração ao Salto (Lagreca)
Poucos cantaram Piracicaba quanto Francisco Lagreca.
E poucos foram poetas como ele
O mais amado símbolo de Piracicaba, eis o Salto.
Pode ser a origem do nome Piracicaba, como podem ser os peixes e o rio.
A devoção piracicabana ao Salto, no entanto, jamais foi cantada com tanta inspiração como o fez Francisco Lagreca em sua "Oração ao Salto".
Passam-se os anos, escrevem-se livros, fazem-se almanaques, mas não há como deixar de registrar - para tentar explicar a ligação da alma piracicabana aos seus símbolos - a oração de Francisco Lagreca, ao Salto:
"Meu rio saudoso, meu dolente rio,
amo-te assim, indômito, bravio,
no turbilhão das ondas rumorosas!
Amo-te assim em vagas tumultuosas,
rolando pelas pedras denegridas,
cantarolando essas canções sentidas,
com que embalas o sono da cidade,
nas horas de silêncio e de saudade!
Amo-te assim, no horrendo desse abismo
Porque ouvindo a tua voz, eu penso, eu cismo,
Que vim de ti, do teu revolto seio,
Para melhor sentir o meu anseio
Para que eu possa com orgulho amar-te
E o teu canto levar por toda parte!
Amo-te, assim, no símbolo das águas,
Esquecendo estas dores e esta mágoas!
Amo-te assim na inédita beleza,
sonho azul imortal da natureza!
Amo-te assim em rendas vaporosas
De espumas, catadupas impetuosas,
Que avançam como jubas fulvas de ouro
Para a fauce do tredo sorvedouro!
Amo-te assim deitado aos pés divinos
Da cidade sensual, de ornatos finos,
Revestida de pompas fascinantes
Desde os valados até os céus distantes!
Amo-te assim na branda luz do Outono,
Nessa melancolia de abandono,
Extasiado no encanto da paisagem,
Meu rio saudoso, olímpico e selvagem!
Amo-te assim no poema da tua terra,
Que tanta luz, tanta poesia encerra,
Evocando nos surtos da memória,
Os deuses e os heróis da nossa história!
Amo-te junto a mim, na graça e encanto
Do teu mistério que me enleva tanto
Porque de ti me vem toda ventura
De contar-te nos dias de amargura
Os enganos da vida e a funda mágoa
Que vão contigo além, de frágua em frágua.
Quero-te assim guaiante, rebramindo,
Lembrando o mar nesse rumor infindo;
A rugir, como as vozes das procelas,
Apagando no azul milhões de estrelas!
Quero-te em ondas bravas, escarvando
O rochedo e as alturas desafiando,
No ritmo da marcha triunfante,
Em brocados de neve deslumbrante.
Quero-te assim nas noites de invernia
Triste, a rezar, sob uma aragem fria
E em minha dor, que uma ilusão ensalma
Sentir na alma as agruras de tua alma!
Deixa-me descansar junto ao teu leito
E adormecer, ao ouvir-te satisfeito,
Que flameja a tua força criadora
Para a glória da vida sofredora,
Para que a terra em selva reverdeça
E em frutos de ouro, sob o sol, floresça!
Deixa-me ver que a angústia de ser triste
Também nas vagas do oceano existe
Entrevejo em teu seio a nostalgia
Das ilhas quietas, ao morrer do dia,
Brilhem astros no azul, que o mundo em festa
Vibra de sons na virginal floresta
E que as ninfas, os pássaros e as flores
cantem por tudo, em mágicos fulgores!
Tua beleza é maior, porque és a imagem
Da vida na sua tétrica voragem
Porque és a luz, a força, o movimento,
O domínio espiritual do pensamento!
Vences a própria rocha, estranho artista,
Aureolado num sonho de conquista,
Divinizado pela própria luta,
A flor da espuma sobre a pedra bruta!
Quando de longe vens, trazes contigo
A carícia aromal de um sonho amigo
E tão perto me falas aos sentidos
Que fico de olhos abertos, embebidos
Na volúpia das águas sem canseiras,
Turbilhonando em fortes corredeiras!
As longas espirais da espumarada
O teu murmúrio, a queda alucinada
Nos solapões ferventes, os vapores
Que enchem o ar de lívidos fulgores,
Tudo é teu, tudo que te pertence
Torna-se luz e a imensidade vence!
Quantas vezes, olhando-te bem perto
Olhos parados, um olhar aberto,
No êxtase musical dos teus rumores,
Evoquei os teus velhos pescadores!
Quantas vezes na angústia do segredo
A fitar-te da sombra do arvoredo
Por me vires descrente e solitário,
Como um piedoso, místico, sudário,
Recolheste, nas dobras do teu manto,
A amargura infinita do meu pranto!
Quantas vezes, ao luar beijando as ondas
Que vêm descendo louras e redondas,
Ao culto enternecido do lirismo,
Fiz do teu seio um suave misticismo.
Meu Deus, Senhor, tu que me deste a glória
Dos humildes na vida transitória
Faz com que minha alma vibre e cante,
Este som, esta música extasiante!
Senhor! Quero que a vida alheia às dores
Seja a perpetuação destes rumores:
Águas rugindo na fatal corrida,
Sonoras, vivas, como a própria vida!
Senhor! Transforma o meu viver tristonho
Neste divino abismo dos meus sonhos!
Poucos cantaram Piracicaba quanto Francisco Lagreca.
E poucos foram poetas como ele
O mais amado símbolo de Piracicaba, eis o Salto.
Pode ser a origem do nome Piracicaba, como podem ser os peixes e o rio.
A devoção piracicabana ao Salto, no entanto, jamais foi cantada com tanta inspiração como o fez Francisco Lagreca em sua "Oração ao Salto".
Passam-se os anos, escrevem-se livros, fazem-se almanaques, mas não há como deixar de registrar - para tentar explicar a ligação da alma piracicabana aos seus símbolos - a oração de Francisco Lagreca, ao Salto:
"Meu rio saudoso, meu dolente rio,
amo-te assim, indômito, bravio,
no turbilhão das ondas rumorosas!
Amo-te assim em vagas tumultuosas,
rolando pelas pedras denegridas,
cantarolando essas canções sentidas,
com que embalas o sono da cidade,
nas horas de silêncio e de saudade!
Amo-te assim, no horrendo desse abismo
Porque ouvindo a tua voz, eu penso, eu cismo,
Que vim de ti, do teu revolto seio,
Para melhor sentir o meu anseio
Para que eu possa com orgulho amar-te
E o teu canto levar por toda parte!
Amo-te, assim, no símbolo das águas,
Esquecendo estas dores e esta mágoas!
Amo-te assim na inédita beleza,
sonho azul imortal da natureza!
Amo-te assim em rendas vaporosas
De espumas, catadupas impetuosas,
Que avançam como jubas fulvas de ouro
Para a fauce do tredo sorvedouro!
Amo-te assim deitado aos pés divinos
Da cidade sensual, de ornatos finos,
Revestida de pompas fascinantes
Desde os valados até os céus distantes!
Amo-te assim na branda luz do Outono,
Nessa melancolia de abandono,
Extasiado no encanto da paisagem,
Meu rio saudoso, olímpico e selvagem!
Amo-te assim no poema da tua terra,
Que tanta luz, tanta poesia encerra,
Evocando nos surtos da memória,
Os deuses e os heróis da nossa história!
Amo-te junto a mim, na graça e encanto
Do teu mistério que me enleva tanto
Porque de ti me vem toda ventura
De contar-te nos dias de amargura
Os enganos da vida e a funda mágoa
Que vão contigo além, de frágua em frágua.
Quero-te assim guaiante, rebramindo,
Lembrando o mar nesse rumor infindo;
A rugir, como as vozes das procelas,
Apagando no azul milhões de estrelas!
Quero-te em ondas bravas, escarvando
O rochedo e as alturas desafiando,
No ritmo da marcha triunfante,
Em brocados de neve deslumbrante.
Quero-te assim nas noites de invernia
Triste, a rezar, sob uma aragem fria
E em minha dor, que uma ilusão ensalma
Sentir na alma as agruras de tua alma!
Deixa-me descansar junto ao teu leito
E adormecer, ao ouvir-te satisfeito,
Que flameja a tua força criadora
Para a glória da vida sofredora,
Para que a terra em selva reverdeça
E em frutos de ouro, sob o sol, floresça!
Deixa-me ver que a angústia de ser triste
Também nas vagas do oceano existe
Entrevejo em teu seio a nostalgia
Das ilhas quietas, ao morrer do dia,
Brilhem astros no azul, que o mundo em festa
Vibra de sons na virginal floresta
E que as ninfas, os pássaros e as flores
cantem por tudo, em mágicos fulgores!
Tua beleza é maior, porque és a imagem
Da vida na sua tétrica voragem
Porque és a luz, a força, o movimento,
O domínio espiritual do pensamento!
Vences a própria rocha, estranho artista,
Aureolado num sonho de conquista,
Divinizado pela própria luta,
A flor da espuma sobre a pedra bruta!
Quando de longe vens, trazes contigo
A carícia aromal de um sonho amigo
E tão perto me falas aos sentidos
Que fico de olhos abertos, embebidos
Na volúpia das águas sem canseiras,
Turbilhonando em fortes corredeiras!
As longas espirais da espumarada
O teu murmúrio, a queda alucinada
Nos solapões ferventes, os vapores
Que enchem o ar de lívidos fulgores,
Tudo é teu, tudo que te pertence
Torna-se luz e a imensidade vence!
Quantas vezes, olhando-te bem perto
Olhos parados, um olhar aberto,
No êxtase musical dos teus rumores,
Evoquei os teus velhos pescadores!
Quantas vezes na angústia do segredo
A fitar-te da sombra do arvoredo
Por me vires descrente e solitário,
Como um piedoso, místico, sudário,
Recolheste, nas dobras do teu manto,
A amargura infinita do meu pranto!
Quantas vezes, ao luar beijando as ondas
Que vêm descendo louras e redondas,
Ao culto enternecido do lirismo,
Fiz do teu seio um suave misticismo.
Meu Deus, Senhor, tu que me deste a glória
Dos humildes na vida transitória
Faz com que minha alma vibre e cante,
Este som, esta música extasiante!
Senhor! Quero que a vida alheia às dores
Seja a perpetuação destes rumores:
Águas rugindo na fatal corrida,
Sonoras, vivas, como a própria vida!
Senhor! Transforma o meu viver tristonho
Neste divino abismo dos meus sonhos!
O BONDE EM PIRACICABA
A origem da palavra ‘bonde’ está no título da dívida pública, bônus, letra e ação.
Quando da formação da companhia de carros elétricos, no Rio de Janeiro, lançaram à venda “bonds”. O povo deu ao carro elétrico caucionado o nome da própria caução. As primeiras linhas de bonde, com tração animal, foram implantadas nos Estados Unidos, em Nova York, em 1823. Na Europa, a França foi a pioneira, em 1830, com a linha que ia de Montrond até Montbrison. Em 26 de março de 1859, foi inaugurada no Rio de Janeiro a primeira linha de bonde a tração animal.
No dia 12 de outubro de 1872, foi iniciado o serviço de bondes puxados a burro em São Paulo, entre o centro e a Estação da Luz. A primeira linha de bonde elétrico explorada comercialmente entrou em funcionamento em 1881, na Alemanha, em Lichterfelde. No Brasil, a inauguração do bonde elétrico aconteceu no Rio de Janeiro pela Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Em 7 de maio de 1890, foi implantado em São Paulo o serviço de bondes elétricos. A partir dos anos 20, os bondes quase mobilizaram o transporte coletivo urbano nas grandes cidades.
PIRACICABAOs bondes incorporam-se ao panorama da Noiva da Colina em 1916. Em 1915, a Câmara Municipal firmou um contrato com “The Southern Brazil Eletric Co. Ltd.”, concessionária da iluminação pública para a instalação de três linhas de bondes elétricos, com direito de exploração por 30 anos. A primeira para a Escola Agrícola, a segunda para a Vila Rezende e a terceira até a Paulista. A inauguração aconteceu em 16 de janeiro de 1916, com a primeira linha de bonde elétrico para a Escola Agrícola. O ponto de partida era ao lado da Igreja Matriz e o veículo chegava a 50 km/hora.
Domingo, dia ensolarado. Ao meio-dia tem início a sessão solene presidida por Torquato da Silva Leitão e secretariada pelo vereador Arthur Vaz, com a presença do prefeito Antônio Correa Ferraz, entre outras autoridades locais, representantes consulares, serventuários da Justiça, diretores de escolas, imprensa e convidados especiais. Aberto os trabalhos, foi declarado que o fim profícuo daquele ato oficial era inaugurar a implantação do bonde, como meio moderno de transporte coletivo urbano.
A palavra da comunidade coube ao doutor Sebastião Nogueira de Lima. O jornal A Gazeta de Piracicaba, no dia 18 de janeiro de 1916 dando-lhe crédito, narra: “Levantou-se então o aplaudido orador, provecto advogado do foro piracicabano, de que é um dos melhores ornamentos, o senhor doutor Sebastião Nogueira de Lima”. O orador em eloqüentes palavras saudou Piracicaba e seu povo, e em nome dele agradeceu à Câmara, sua legítima representante.
Uma vibrante salva de palmas acolheu a última frase do magnífico tribuno. A seguir foi suspensa a sessão, pelo tempo necessário à lavratura da ata, logo em seguida lida pelo senhor doutor Barros Penteado e assinada por todo os presentes. As autoridades, acompanhadas pelos convidados, dirigiram-se ao Largo da Matriz, onde tomaram lugar no bonde para a primeira viagem. O motorneiro Júlio Antonio Gonçalves, em uniforme cáqui, botões dourados, quepe na cabeça, cheio de orgulho, com largo sorriso nos lábios, impulsionou com os pés a campainha, e o bonde partiu rumo à Escola Agrícola.
Uma banda de música abrilhantou o ato inaugural na Câmara e no Largo da Matriz. Conta o jornal A Gazeta de Piracicaba que na saída dos primeiros bondes, vindos da garagem, ao entrarem na Praça, “a multidão compacta que ali se apinhava, rompeu em vivas e palmas de entusiasmo”.
Findas a festividades inaugurais, o bonde continuou a trafegar sem interrupção, sempre lotado até à meia noite, para gozo da população. A segunda linha à Vila Rezende só entrou em operação em 1921, e a terceira só chegou até a Estação da Paulista. Durante a II Guerra Mundial, com a falta de gasolina, o bonde foi altamente privilegiado pela população. Em 1945, ao término das hostilidades, cinco carros e um reboque trafegaram pelos oito quilômetros de linha.
No ano de 1950, o serviço passou para a responsabilidade da Prefeitura, devido às dificuldades na importação de peças de reposição, e o desenvolvimento do transporte coletivo pelos ônibus. Em 1969, finalmente a única linha em funcionamento que servia a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” foi desativada.
Quando da formação da companhia de carros elétricos, no Rio de Janeiro, lançaram à venda “bonds”. O povo deu ao carro elétrico caucionado o nome da própria caução. As primeiras linhas de bonde, com tração animal, foram implantadas nos Estados Unidos, em Nova York, em 1823. Na Europa, a França foi a pioneira, em 1830, com a linha que ia de Montrond até Montbrison. Em 26 de março de 1859, foi inaugurada no Rio de Janeiro a primeira linha de bonde a tração animal.
No dia 12 de outubro de 1872, foi iniciado o serviço de bondes puxados a burro em São Paulo, entre o centro e a Estação da Luz. A primeira linha de bonde elétrico explorada comercialmente entrou em funcionamento em 1881, na Alemanha, em Lichterfelde. No Brasil, a inauguração do bonde elétrico aconteceu no Rio de Janeiro pela Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Em 7 de maio de 1890, foi implantado em São Paulo o serviço de bondes elétricos. A partir dos anos 20, os bondes quase mobilizaram o transporte coletivo urbano nas grandes cidades.
PIRACICABAOs bondes incorporam-se ao panorama da Noiva da Colina em 1916. Em 1915, a Câmara Municipal firmou um contrato com “The Southern Brazil Eletric Co. Ltd.”, concessionária da iluminação pública para a instalação de três linhas de bondes elétricos, com direito de exploração por 30 anos. A primeira para a Escola Agrícola, a segunda para a Vila Rezende e a terceira até a Paulista. A inauguração aconteceu em 16 de janeiro de 1916, com a primeira linha de bonde elétrico para a Escola Agrícola. O ponto de partida era ao lado da Igreja Matriz e o veículo chegava a 50 km/hora.
Domingo, dia ensolarado. Ao meio-dia tem início a sessão solene presidida por Torquato da Silva Leitão e secretariada pelo vereador Arthur Vaz, com a presença do prefeito Antônio Correa Ferraz, entre outras autoridades locais, representantes consulares, serventuários da Justiça, diretores de escolas, imprensa e convidados especiais. Aberto os trabalhos, foi declarado que o fim profícuo daquele ato oficial era inaugurar a implantação do bonde, como meio moderno de transporte coletivo urbano.
A palavra da comunidade coube ao doutor Sebastião Nogueira de Lima. O jornal A Gazeta de Piracicaba, no dia 18 de janeiro de 1916 dando-lhe crédito, narra: “Levantou-se então o aplaudido orador, provecto advogado do foro piracicabano, de que é um dos melhores ornamentos, o senhor doutor Sebastião Nogueira de Lima”. O orador em eloqüentes palavras saudou Piracicaba e seu povo, e em nome dele agradeceu à Câmara, sua legítima representante.
Uma vibrante salva de palmas acolheu a última frase do magnífico tribuno. A seguir foi suspensa a sessão, pelo tempo necessário à lavratura da ata, logo em seguida lida pelo senhor doutor Barros Penteado e assinada por todo os presentes. As autoridades, acompanhadas pelos convidados, dirigiram-se ao Largo da Matriz, onde tomaram lugar no bonde para a primeira viagem. O motorneiro Júlio Antonio Gonçalves, em uniforme cáqui, botões dourados, quepe na cabeça, cheio de orgulho, com largo sorriso nos lábios, impulsionou com os pés a campainha, e o bonde partiu rumo à Escola Agrícola.
Uma banda de música abrilhantou o ato inaugural na Câmara e no Largo da Matriz. Conta o jornal A Gazeta de Piracicaba que na saída dos primeiros bondes, vindos da garagem, ao entrarem na Praça, “a multidão compacta que ali se apinhava, rompeu em vivas e palmas de entusiasmo”.
Findas a festividades inaugurais, o bonde continuou a trafegar sem interrupção, sempre lotado até à meia noite, para gozo da população. A segunda linha à Vila Rezende só entrou em operação em 1921, e a terceira só chegou até a Estação da Paulista. Durante a II Guerra Mundial, com a falta de gasolina, o bonde foi altamente privilegiado pela população. Em 1945, ao término das hostilidades, cinco carros e um reboque trafegaram pelos oito quilômetros de linha.
No ano de 1950, o serviço passou para a responsabilidade da Prefeitura, devido às dificuldades na importação de peças de reposição, e o desenvolvimento do transporte coletivo pelos ônibus. Em 1969, finalmente a única linha em funcionamento que servia a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” foi desativada.
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