segunda-feira, 7 de julho de 2008

MADRE CECILIA - Uma Santa de Piracicaba (Já é Beata)

MADRE CECÍLIA (Antônia Martins de Macedo)
Fonte: Memorial de Piracicaba 2000/03, do autor

Autoria: Cecílio Elias Netto


A presença de Madre Cecília parece pairar ainda hoje sobre Piracicaba
Foi era veneravel, depois Beata e Ela poderá ser santa brasileira e principalmente a 1ª Santa de Piracicaba e a 2ª do Estado de São Paulo, pois Frei Galvão é o 1º Santo Brasileiro, pois nasceu em Guaratinguetá-SP.
Mas, antes disso, para Piracicaba, há muito tempo, Antônia Martins de Macedo se transformou numa referência de fé, de serviço ao próximo, de religiosidade. Madre Cecília foi o nome adotado pela fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. Anteriormente, Antônia Martins de Macedo foi uma pessoa aparentemente comum, embora de uma religiosidade já perceptível, pela mãe, desde a infância, que dividia as atenções com seus oito irmãos. Nascida em 1852, filha do tabelião e caçador Pedro Liberato de Macedo, casou-se aos 36 anos com um comerciante português e enviuvou sete anos depois. Com dois meninos pequenos e mais uma menina excepcional, foi como costureira que conseguiu criá-los. Mas voltada às questões religiosas e de atendimento à comunidade, já em 1896 manifestava junto a Frei Luiz Maria de São Tiago, que chegara a Piracicaba com o primeiro grupo de Frades Capuchinhos, seis anos antes, a perspectiva de viver uma "vida em oração, no trabalho e no apostolado". Desta vontade nasceu o Asilo de Órfãs, cujas obras foram realizadas em terreno doado por Mariquinha Morato, irmã de Francisco Morato, também católica tradicional. Uma descrição detalhada de como ocorreu a doação foi deixada por Millard de Castro (pseudônimo adotado peloProf. Joaquim do Canto): "Maio de 1896. Manhã fria, de neblina. Duas mulheres vestidas de preto - Antônia Martins de Macedo e Maria das Dores Morato - aos 44 e 35 anos, respectivamente, desciam a Rua Boa Morte de volta da Igreja dos Frades. E ao se defrontarem com a paineira verde, ao meio do quarteirão, a primeira exteriorizou seu anseio: desejaria que o Asilo se erguesse no lugar dessa paineira em flor." Como ele acrescenta, tratava-se de um vasto terreno nas proximidades da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, um sítio onde as crianças armavam arapucas para caçar passarinhos. À frente, na esquina de cima, existia o Museu Ornitológico de Valêncio Bueno, fundado por Miguelzinho Dutra, onde morria a rua Boa Morte. Abaixo estava o Colégio Assunção, casas esparsas e, um pouco mais além, o Colégio Piracicabano. Foi neste terreno, um "retângulo de 90 braças para a rua Boa Morte, 40 para a rua José Ferraz de Carvalho e igual extensão para o Rua Francisco de Assis" que, apenas dois anos depois, Antônia Macedo estaria inaugurando o Asilo de Órfãs que, dois anos depois, já abrigaria a Congregação Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, fundado também por Madre Cecília. Optou, então, pela vida religiosa e, ao fazer os votos, passou a ser chamada por Madre Cecília e, mais carinhosamente, como Mamãe Cecília. Envolveu-se, entretanto, muito além do trabalho com as crianças do Asilo de Órfãs, voltando-se também à área da saúde. Foi em Descalvado que, já em 1904, concordou com que as Irmãs Franciscanas aceitassem a direção da Santa Casa daquele município. A história relata que ali chegou acompanhada de uma menina, então educanda do Lar Escola, Cesira Maria Graciano, que mais tarde receberia o nome de rmã Clara. "Hospedaram-se em casa do padrinho de Madre Dorotéia, ao que parece Capitão João Nunes, enquanto se preparava o hospital. Aos 22 do mesmo mês, a Madre Cecília aceitou a direção, assumindo ela mesma, o cargo de Superiora, para o que viajava diversas vezes entre Piracicaba e Descalvado, trazendo as irmãs para o serviço. Descalvado, portanto, depois de Piracicaba, foi a primeira cidade que sentiu a influência benéfica do coração apostólico da Madre Fundadora e suas filhas espirituais". Madre Cecília faleceu em 1950, deixando marcas de um apostolado que a transformou, na lembrança daspessoas, em alguém muito especial por seu trabalho junto aos doentes, às crianças, aos abandonados. Em 1992, a Congregação deu início ao processo de sua canonização e, em maio de 1998, o Vaticano reconheceu validade do processo. Seu corpo encontra-se enterrado numa lápide de mármore na capela do Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe, nome atual do asilo de órfãs, por ela fundado há mais de um século. Desde então, a entidade nunca deixou de trabalhar com menores carentes.

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