segunda-feira, 7 de julho de 2008

PONTO TURISCO DE PIRACICABA

O Engenho Central de Piracicaba foi constituído por Estevão Ribeiro de Souza Rezende, o Barão de Rezende, em 19 de janeiro de 1881, com o capital de Rs. 400:000$000, com equipamentos importados da França. Em novembro desse mesmo ano os materiais já estavam em Piracicaba para serem montados pelo Dr. André Patureaux (p. 83). Em julho de 1882, já estava decidida a construção de uma estrada de ferro que margearia o rio Piracicaba, partindo da cidade no sentido do Canal Torto, ponto terminal dos vapores da Companhia Fluvial durante a estação seca, numa iniciativa do Engenho Central e da Cia. de Navegação Fluvial Paulista (p. 90). Em 10 de março de 1883, a lei Provincial 12 concedia à Cia. Engenho Central de Piracicaba privilégio para estabelecer uma linha de bondes. Os bondes jamais foram implantados nessa linha, mas é possível que dessa lei tenha resultado as linhas internas do Engenho (p. 95). Em junho de 1886, o Engenho transferiu parte desse privilégio para a Companhia Ytuana, exatamente o que tratava do tráfego de bondes - parece que a Ytuana precisava disso para cruzar a cidade com seus trilhos para seguir da estação de Piracicaba para a cidade de São Pedro (p. 124).
Em março de 1888, o Engenho passa a ter um único dono: o próprio Barão de Rezende (p. 147). Em 22 de junho de 1891, o Barão vende o Engenho à Cia. Niagara Paulista (p. 198). A 29 de abril de 1899, a Societé de la Sucrerie de Piracicaba, fundada em 2 de abril do mesmo ano, compra o Engenho Central (p. 285).
Os trilhos da ferrovia do Engenho Central passavam pela mesma ponte por onde passavam os trilhos da Cia. Sorocabana e Ytuana em 1899. Os trens tinham de anunciar sua passagem pela ponte com 5 minutos de antecedência (p. 290/293). Em agosto de 1899 a Sucrerie compra a Fazenda Santa Rosa (p. 290).
Segundo Leandro Guerrini, em 1970, as linhas férreas ainda estavam em atividade (p.95). (Fonte dos parágrafos acima: História de Piracicaba em Quadrinhos, Leandro Guerrini, IHGP/IOMP, Piracicaba, 1970)
Em 1903, as fazendas que compunham o Engenho Central eram: Santa Lydia e São Luiz, Cayapia, Santa Rosa, Santa Cruz e Engenho. Além dessas, o Engenho Central arrendava para plantio as terras das fazendas Lenheiro, Algodoal, Terras do Barão, Enxofre e Kannebley. No mesmo ano, falava-se em prolongar em 4 ou 5 quilômetros a estrada de ferro na fazenda Santa Rosa (nota: não sei se isto efetivamente ocorreu). As máquinas e vagões do Engenho Central podiam também trafegar pelas linhas da Cia. União Sorocabana e Ytuana, de acordo com contrato na época. Algumas fazendas do Engenho, como a de Cayapia e a de Santa Lydia estavam tão distantes do Engenho que transportavam canas somente pela CUSY pois as ferrovias próprias não chegavam até lá. "A usina dispõe (em 1903) de uma estrada de ferro de 19 km de comprimento, com bitola de 1 m, de 4 locomotivas (sendo que uma delas, de 10 t está emprestada À Villa Rafard, e as demais, de 15, 18 e 20 t) e de 75 vagões. Estes últimos são de diversos modelos, podendo carregar de 3 a 10 t. (...) Em decorrência de um antigo acordo, da cessão à CUSY de uma linha pertencente à Usina, a de Santa Lydia, a Sociedade açucareira de Piracicaba adquiriu o direito de trafegar, com seu próprio equipamento, em toda a linha ao norte do rio Piracicaba. (...) Infelizmente, a CUSY é mal administrada e as dificuldades de tráfego para nós são numerosas" (Usinas Açucareiras de Piracicaba, Villa Rafard, Porto Feliz, Lorena e Cupim, Missão de Inspecção do Senhor J. Picard, Engenheiro, de 1 de março a 15 de julho de 1903, Editora Hucitec, Editora Unicamp, São Paulo, 1996, p. 61).
Existe ainda pelo menos uma locomotiva que trafegou pelo Engenho, e não é nenhuma das citadas acima por Picard, em 1903. Esta máquina a vapor, uma Baldwin de 1913 1-6-2ST, ainda é operacional e está na ABPF de Campinas, na estação ferroviária de Carlos Gomes, com o número 5, tendo rodado também na Usina Villa Rafard (também da Sucrerie) e nas Indústrias Villares, de acordo com o livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez (Notícia & Cia., 2006).

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